Bia Bier

O papel da mulher na história da cerveja

“Dê-me uma mulher que goste de cerveja e eu conquistarei o mundo”

Gosto muito dessa frase de Kaiser Wilhelm* e confesso que toda vez que abro uma cerveja, levanto o copo para o alto e brindo com meu marido dizendo bem alto: “Dê-me uma mulher que goste de cerveja e eu conquistarei o mundo” Ele cai na risada e brinda comigo a cerveja!

E porque estou dizendo isso? Simples! Pelo fato de mesmo hoje, em pleno ano de 2018, a cerveja ainda é vista como bebida masculina.  

Veja só, comigo acontece sempre! Peço uma cerveja num restaurante e meu marido pede um vinho, por exemplo. O garçom já vem com a taça para mim e leva aquele copo lindo de cerveja para me marido…aí falo em alto e bom som, cheio de sorrisos na boca: “Ei moço! A cerveja é minha”

As mulheres sempre tiveram um papel muito importante na sociedade e em especial, na história da cerveja! Você sabia que todo o indício da história da cerveja tem a mulher como uma das protagonistas principais?

Vamos lá!  

Diz a história e através de relatos, que a primeira cerveja surgiu na Suméria, antiga Mesopotâmia, ao lado dos rios Tigres e Eufrates. Já ouviu falar em Crescente Fértil?

Mas, como assim?

O ser humano se agrupou em sociedade a 9.000 a.C. e começou então a domesticar a agricultura. Os homens iam a caça e as mulheres tinham por obrigação cuidar dos filhos e da casa. Eram elas as responsáveis pela colheita dos grãos.

E foi num belo dia de colheitas, que homem saiu em busca da preza e a mulher em busca dos grãos. Grãos eram perfeitos para a produção do pão.

Conversa vai, conversa vem, muitas carregando cestos cheios de grãos e um deles ficou esquecido do lado de fora da casa.

Nesta noite, choveu…o cesto encheu de água e ficou exposto ao vento…

No dia seguinte, saem todas novamente às suas tarefas diárias: colher o grão para fazer pão!Mas, de repente, avistam um cesto esquecido.

Com medo do marido chegar em casa, nervoso por não ter conseguido caçar nada, a mulher esconde num canto da moradia aquele cesto com grãos encharcados.

Maridão chega, brabo, sem nada para mostrar a família e vê um cesto, cheio de bolhas, apetitoso. Com fome, coloca o dedo no cesto, experimenta e acha uma delícia. Bebe todo o caldo que estava ali. Eis então, a cerveja primitiva!  

Brincadeiras à parte pela maneira que conto a história, mas muito tem a ver com aquele momento vivido pelo Homem. A sensação de experimentar o álcool pela primeira vez, fez com que as mulheres repetissem o feitio descoberto por acaso. Imagine o prazer do álcool naquela época!!

Vem da Deusa da Fertilidade e do Plantio, a Deusa Ceres, a atribuição do “milagre” da transformação da cerveja.

Ninguém entendia como que se colocava cereais num balde e aquilo se transformava em álcool. Isso era atribuído aos deuses e logicamente que naquela época ninguém conhecia a tal da levedura. Em algumas sociedades, a cerveja era considerada divina e talvez pelo fato da maternidade, a mulher sempre estava associada a capacidade de transformar os cereais em alimento.

Quantas histórias e quantos anos se passaram! E eu hoje, em pleno 2018, aos 38 anos, faço a minha própria cerveja e brindo toda vez que abro um copo de cerveja…

“Dê-me uma mulher que goste de cerveja e eu conquistarei o mundo”

A história continua…Mas ela será assunto para um próximo post! Até lá!

* Kaiser Wilhelm foi o último imperador alemão e Rei da Prússia.